ESR-MPEL09 - Atividade 2 | Em busca de uma definição de "cibercultura"
DESCRIÇÃO
Participação em Fórum - No segundo Fórum, foi-nos pedido que reflectíssemos e discutíssemos sobre a dimensão cultural da sociedade em rede.
Referências - "Sociedade em Rede", Cap. 5 de Manuel Castells e "A Cultura na Sociedade em Rede", por Pedro Abrantes.
Cultura / praxis
(cont.)
Ainda estou a ler sobre o assunto, mas hoje termina o prazo e é preciso escrever. Comece-se, então. Estou a fazer aquilo que costumo dizer aos miúdos, quando me dizem que não sabem como começar um texto, mesmo depois de ter escrito no rascunho os aspectos fundamentais e a linha de pensamento: Quando não conseguem começar a escrever sobre o assunto, devem começar por dizer isso mesmo.Confesso que neste momento me sinto uma página da wikipédia toda linkada.
Tendo chegado, na reflexão anterior, a esta conclusão: ."..começo a pensar se será mais importante saber distinguir os conceitos - informação, conhecimento e cultura - , se perceber as relações que estabelecem entre si... Relendo as participações dos colegas, todos os que os definem, fazem-no em cadeia, isto é, apresentam as várias definições sequencialmente.", resolvi reler a Introdução do Texto A Cultura na Sociedade em Rede.pdf de Pedro Abrantes - "Introdução: a cultura e a sociedade da informação".
Nesse trabalho, ."..a cultura é entendida enquanto prática social, no sentido em que se reporta ao conjunto de linguagens, crenças e artefactos simultaneamente estruturados e estruturadores das práticas dos indivíduos." (pág. 3) Claro que este conceito de cultura parte da ideia de um mundo globalizado e em constante transformação. E é esse o desafio: definir e distinguir informação, conhecimento e cultura neste mundo.
Orientei então a minha pesquisa nesse sentido. E, de repente, dou comigo a imprimir 9 trabalhos, artigos divulgados aqui e que pelos resumos achei que me poderiam ajudar a chegar a alguma conclusão.
Destaco alguns excertos dos vários textos:
"A tendência natural no processo de informatização da sociedade é a incorporação gradual da máquina até que ela se torne «invisível» e haja uma tomada de consciência do seu real objeto: a informação, cuja importância em sociedade pós-industrial é comparável à da energia. (...) A informatização das sociedades mais adiantadas leva a uma mudança na estrutura industrial que, inicalmente centrada na produção de bens e serviçõs, passa a ser baseada na informação. A informática vai, gradualmente, substituindo o trabalho intelectual, não somente o trabalho manual. (...) As nações que detêm as tecnologias de organizar, tratar e disseminar informações se tornam dominantes em relação àquelas que não possuem tais tecnologias." (in Gerência da informação: mudanças nos perfis profissionais, de Regina de Barros Cianconi) - Portanto, a informação é essencial na organização das sociedades actuais e aquelas que detiveram a tecnologia para organizar essa informação serão dominantes.
Esta ideia remeteu-me, de novo, para Castellls e para o seu conceito de sociedade informacional.
Portanto, podemos entender a informação e a tecnologia da informação "como parte de um elenco de recursos estratégicos capazes de lhes propiciar [às organizações-líderes] vantagem competitiva diante da concorrência." (Conhecimento como recurso estratégico empresarial, de Anna da Soledade Vieira). Aqui, informação, conhecimento e inteligência são, então, recursos estratégicos para a gestão das organizações em ambiente competitivo.
Apreendida a importância da informação na sociedade actual, fui à procura de textos que me mostrassem a forma como informação e conhecimento se transformam hoje em dia em processos socioculturais. No trabalho de Sarita Albagli e Maria Lucia Maciel, Informação e conhecimento na inovação e no desenvolvimento, a propósito da Dimensão Socioespacial, aquando do destaque da importântica do aprendizado, referem: "A informação serve fundamentalmente à circulação ou transporte de conhecimentos (Latour, 1987), mas não necessariamente gera conhecimento; não é, por si só, capaz de alterar estruturas cognitivas. O aprendizado deve ser pensado como relação social, como um processo em que "as pessoas não só são participantes activos na prática da comunidade, mas também desenvolvem suas próprias identidades em relação àquela comunidade" (Hildrecht e Kimble, 2002, p.23).
Em suma, aquilo que no entender de Castells é a manifestação das culturas: "Em meu entender, e de acordo com um crescente número de estudiosos, as culturas mnifestam-se fundamentalmente por meio da sua inserção nas instituições e organizações." (A Sociedade em Rede, páginas 199 - 200). A partir daqui comecei a ler o Capítulo donde retirei a última citação de Castells - 3 / A Empresa em Rede: Cultura, Instituições e Organizações da Economia Informacional.
Parece-me, pelo que vou lendo, que perceber a evolução organizacional das empresas é vital para perceber a forma como a informação funciona em rede, logo, entender a cultura entendida enquanto prática social. Pelo menos é essa a ideia com que estou a ficar, apesar de ir ainda na página 230 do capítulo. Sobre este aspecto, vale a pena ler o texto de Regina Maria Marteleto, Cultura informacional: construindo o objeto informação pelo emprego dos conceitos de imaginário, instituição e campo social. A fim de não me alongar, cito apenas duas frases deste trabalho e que julgo possam ser a síntese daquilo que aqui desenvolvi:
Cultura e informação são assim conceitos / fenómenos interligados pela sua própria natureza. A primeira - funcionando como uma memória, transmitida de geração em geração, na qual se encontram conservados e reproduzíveis todos os artefactos simbólicos e materiais que mantêm a complexidade e a originalidade da sociedade humana - é a depositária da informação social.